Em seu mais longo relatório anual de tecnologias emergentes, Gartner aponta para cinco tendências permeadas pela inteligência artificial e seus derivados como uma promessa de um futuro mais democratizado e com menos diferenciação entre homem e máquina.

Um novo relatório publicado pela Gartner aponta 35 tecnologias que precisamos ficar de olho para pensar o futuro da humanidade, sendo que cinco desses exemplos foram identificados como responsáveis por estar apagando cada vez mais a linha que separa e que diferencia o homem da máquina. Dentre elas, é especialmente a inteligência artificial e seus derivados que têm cumprido esse papel ao tornar serviços e produtos onipresentes e sempre disponíveis.

Para o vice-presidente de pesquisa da Gartner Mike J.Walker, líderes do setor de negócios e tecnologia continuarão enfrentando as cada vez mais a aceleração das inovações que produzirão um profundo impacto na maneira como as empresas se relacionam com seus funcionários e parceiros, bem como na forma como estão oferecendo e desenvolvendo produtos e serviços para seus consumidores. “Gerentes de TI e coordenadores do setor de tecnologia nas empresas devem estar sempre mapeando o mercado em busca de tecnologias emergentes para identificar novas oportunidades de negócio com alto potencial de impacto e relevância estratégica para seus negócios”, afirma.

É nesse sentido que o mais longo relatório anual criado pela Gartner faz um cruzamento entre perspectivas da indústria diante de tecnologias e tendências que estrategistas, diretores de inovação, empreendedores e desenvolvedores precisam estar alinhados para desenhar seus próximos passos. Para isso, a empresa de pesquisa ressaltou cinco tecnologias que estão demonstrando maior potencial de desfazer essa diferenciação entre o que é humano e o que é maquínico, então encontrando na união dessas duas potências uma melhor perspectiva para construção do futuro.

1. Democratização da inteligência artificial
Nos próximos 10 anos, é muito provável que a inteligência artificial esteja presente em todos os lugares. Enquanto, nos primeiros anos, essa tecnologia vai estar entre os early adopters, são estes que farão um primeiro teste e aprimoramento para que a IA se adapte a qualquer situação e resolva qualquer problema ao se tornar disponível em nível massivo e, portanto, democratizado.

Com a popularização do movimento maker e do posicionamento que gira em torno desses grupos, é a partir de uma cultura de open source e open innovation que essa transição do nicho para todos será feita para que a IA se torna uma plataforma de serviços, fomento de carros e robôs autônomos e inteligentes, plataformas conversacionais, até assistentes digitais. Para Walker, algumas dessas aplicações da IA, como as assistentes digitais, vão se tornar algo muito mais democratizado nos próximos dois ou cinco anos. “Outras tecnologias emergentes nessa categoria, como robôs inteligentes e IA como serviço, também estão crescendo rápido e se aproximando do pico, então logo teremos maior contato com elas.”

2. Ecossistemas Digitalizados
Tecnologias emergentes também estão sendo direcionadas a uma mudança completa de como lidamos com grandes quantidades de dados e processamento computacional. Nesse sentido, é a partir da digitalização que novos modelos de negócios poderão encontrar e desenvolver plataformas que facilitem a conexão homem-máquina ao tornarem os processos mais eficientes e organizados.

Dentre as tecnologias mapeadas para essa tendência estão o blockchain e sua aplicação para segurança de informação, replicação de nossa presença online a partir de um gêmeo virtual (uma IA que emula nossa presença e nos livra da obrigatoriedade de responder a perguntas e comandos repetitivos), plataformas de internet das coisas e visualizações gráficas de informação. Para Walker, nos próximos cinco ou dez anos, são esses gêmeos virtuais que alcançarão seu pico de popularidade e democratização — assim como também pretende a rede social portuguesa Eter9.

3. Faça você mesmo o seu biohacking
Ao longo da próxima década, seres humanos poderão cada vez mais transformar seus corpos e mentes a partir do uso da tecnologia — o que muitos acreditam que nos farão alcançar um patamar de pós-humano ou de transhumano. Se, por um lado, nossa biologia pode ser hackeada a partir do estilo de vida que adotamos, os interesses e cuidados médicos que tomamos, então o biohacking cresce como uma forma de modificar nosso corpo a partir de melhorias tecnológicas, nutrição baseada no genoma, biologia experimental e modificações corporais mais extremas.

A questão levantada pela Gartner, no entanto, é se a sociedade está mesmo preparada para esse tipo de mudança e as questões éticas que com ela vêm. Biochips e técnicas de bioengenharia capazes de criar tecidos artificiais ou feitos em laboratório, interfaces cérebro-máquina, realidade aumentada e mista, assim como tecidos inteligentes são algumas das possibilidades dessa tendência que tornam o usuário (ou consumidor) mais próximo da tecnologia e dos kits que instrumentalizam essa mudança pela decisão individual. Para Walter, aqueles que já há tempos vêm estudando as potencialidades dos implantes de biochip, é daqui cinco a 10 anos que essa tecnologia pode alcançar seu topo de popularidade e democratização.

4. Experiências Transparentes e Imersivas
Conforme o desenvolvimento tecnológico tem se tornado cada vez mais ciente da necessidade de criar máquinas que saibam falar a nossa língua em vez de pedir para que nós nos adaptemos à sua linguagem (algo que foi feito até então), é a partir dessa maior preocupação nas questões humanas que se pode criar uma maior transparência e engajamento entre pessoas, empresas e também coisas, já que os objetos estarão cada vez mais conectados e capazes de interagir com as pessoas, por exemplo, a partir de interfaces de voz.

Para isso, a Gartner lista tecnologias como a impressão 3D, as casas conectadas, sistemas tecnológicos capazes de se auto consertar, baterias de ânodos de silício, área de trabalho inteligente e displays volumétricos. “As tecnologias emergentes que representam experiências imersivas e transparentes já estão, em sua maioria, alcançando seu pico — especialmente no caso da bateria de ânodo de silicone — ou cruzando-o”, explica Walker.

5. Infraestrutura Onipresente
Plataformas e infraestrutura não são mais uma ferramenta apenas reservadas a procedimentos internos nas empresas, mas sim algo popularizado para usuários comuns a partir da computação em nuvem e suas diferentes variações que possibilitam ambientes digitais sempre conectados, disponíveis e com capacidade infinita.

Para dar sustento a essa transição, tecnologias como a internet 5G, nanotubos de carbono, redes neurais, hardware neuromórfico e computação quântica são alguns exemplos mapeados pela Gartner. Para a empresa, são essas tecnologias que farão parte da base, da infraestrutura de um futuro mais conectado e que, portanto, esteja acessível para todos, em larga escala.

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