Em artigo para o site Futurism, Dan Robitzki traz a opinião de especialistas em inteligência artificial e que refletem sobre a possibilidade ou não de criarmos uma inteligência artificial que supere a capacidade intelectual humana.

Em 2005, o popular e controverso futurista Ray Kurzweil lançava um dos seus livros mais populares: A Singularidade está próxima. O que ele queria dizer com singularidade? O momento no qual as máquinas teriam um poder de processamento superior ao do cérebro humano, algo que até então só se vislumbrou na ficção científica e em cenários talvez não tão amigáveis, considerados exemplos como Matrix e Exterminador do Futuro.

Por outro lado, filmes como Her trazem um lado mais ameno da inteligência artificial e sua relação com seres humanos. Ali, temos um exemplo de como uma inteligência artificial pode se tornar criativa e até mesmo demonstrar algum tipo de consciência. De acordo com especialistas da área, esse cenário de potência para uma inteligência artificial já a colocaria em um novo patamar, o da Artificial General Intelligence (AGI) ou Inteligência Artificial Genérica.

Em artigo para o site Futurism, Dan Robitzki comenta que, por décadas, cientistas testam diferentes métodos para se criar essa IAG, sendo técnicas como o reinforcement learning e o machine learning algumas das possibilidades de exploração. No entanto, como afirma Robitzski, nenhuma dessas técnicas foi suficiente para alcançar esse patamar da IAG. E o pior: aparentemente ninguém sabe muito bem que passos tomar a seguir.

Em agosto, no entanto, cientistas se reuniram em Praga para o Joint Multi-Conference on Human-Level Artificial Intelligence para discutir seus objetivos, esepranças e os progressos conquistados no desenvolvimento de uma inteligência artificial que se assemelhe à capacidade humana junto a líderes globais. Para alguns, falar sobre uma inteligência artificial que se assemelhe a um humano é o passo anterior antes de finalmente adquirirmos a inteligência artificial genérica.

Mas apesar de ainda não existir um consenso de como chegaremos a essa IAG, especialistas acreditam que estamos cada vez mais próximos disso: cerca de 37% das respostas de uma pesquisa feita entre os participantes do evento responderam que uma inteligência artificial que se assemelha a um ser humano será criada dentro dos próximos 10 anos. Já 28% dos respondentes acreditam que levará ainda 20 anos e, finalmente, apenas 2% acreditam que esse tipo de tecnologia nunca existirá.

Algumas das dúvidas que pairam diante da obtenção desse cenário é, por exemplo, quem irá financiar tal empreendimento e como iremos combinar algoritmos para adquirir uma IA capaz de raciocinar como um ser humano. Para isso Robitzski entrevistou alguns especialistas em inteligência artificial que deram seus pareceres a respeito do tema.

Irakli Beridze, Head do Centro de Inteligência Artificial e Robótica da UNICRI, no Reino Unido

“No momento, não há absolutamente nenhuma indicação de que estamos próximos de uma IAG. E ninguém pode dizer com qualquer tipo de autoridade ou convicção de que isso irá acontecer dentro de um certo período de tempo. Ou pior ainda, ninguém pode dizer se isso pode sequer acontecer. Podemos nunca ter uma IAG, então precisamos levar isso em consideração enquanto discutimos o assunto.”

Seán Ó hÉigeartaigh, Diretor executivo do Centro de Estudos de Risco Existencial em Cambridge

“Há ainda muito trabalho a ser feito; há muitas coisas que não entendemos ainda. Assim que as compreendermos, talvez seja possível de fazer a IAG acontecer nos próximos 50 anos.”

John Langford, Pesquisador Líder na Microsoft AI

“Acho que deveríamos curtir mais a tecnologia enquanto ela avança. Deveríamos procurar um cenário de futuro no qual queremos aterrissar. Mas, por outro lado, não é como se tivéssemos uma inteligência artificial de nível humano agora e não acho que isso irá acontecer tão rapidamente. Acho que, se eu tiver sorte, isso acontecerá enquanto estiver vivo.
Um nível de inteligência de uma minhoca já é bastante possível de se emular. Se você levar em conta uma visão e planejamento, esse tipo de coisa é bem possível. A integração do planejamento e da aprendizagem, o planejamento em si já é algo bastante bem resolvido. Mas planejar significa que a maneira como [o machine learning] funciona ainda não está muito bem resolvida.”

Marek Rosa, CEO e CTO na GoodAI

“Acho que estamos quase lá. Não estou prevendo que teremos uma IA genérica nos próximos três ou trinta anos. Mas tenho segurança de que isso acontecerá qualquer dia.”

Ben Goertzel, CEO da SingularityNET e Cientista-chefe na Hanson Robotics

“Não acho que precisaremos fundamentalmente de novos algoritmos. Acho que precisamos conectar nossos algoritmos de formas diferentes das quais fazemos hoje. Se eu estiver certo, então já temos os algoritmos básicos que precisamos… Acredito que estamos a menos de dez anos da criação de uma IA de nível humano.”

Hava Siegelmann, Program Manager na DARPA

“Não acho que estamos muito próximos de obter uma IA geral. Acho que a IA genérica é quase um emblema para uma ideia generalista. A aprendizagem perene é um exemplo disso, e é um tipo de IA bastante particular. Já sabemos os princípios teóricos disso, sabemos como a natureza funciona, e está tudo bem definido. Há uma clara direção, há uma métrica. Acho que conseguiremos alcançá-la em pouco tempo.”


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