Post do MIT Technology Review elenca dez grandes questões ecológicas e de saúde para se pensar a partir de um ponto de vista tecnológico. O que podemos ver de inovação para 2020?

No começo desse ano, o site do MIT Technology Review publicou uma interessante lista que pode ter passado despercebida pelo seu feed. “Ten big global challenges technology could solve” reúne dez possíveis soluções tecnológicas para os principais problemas que enfrentamos no mundo hoje, incluindo questões ecológicas (e principalmente elas, na realidade). Estas são:

1. Sequestramento de carbono
Diminuir a emissão de gases não é realmente uma solução suficiente para o problema da poluição e do aquecimento global. Na realidade, é necessário remover a grande quantidade de dióxido de carbono já presente na atmosfera, o que é um processo não só caro como também complicado no sentido do que fazer com esse dióxido de carbono depois? No entanto, várias startups estão trabalhando na conversão ou reciclagem do gás em produtos como combustíveis sintéticos, polímeros, fibra de carbono e concreto. Na China, aliás, já chegaram a transformar poluição em diamantes.

2. Armazenamento de energia em rede
Fontes renováveis de energia como é o caso da energia eólica e solar estão ficando cada vez mais baratas, mas o problema é que não há geração de energia quando está nublado ou quando não está ventando. Por isso, fica um pouco mais difícil de se apoiar nesse tipo de fonte energética em comparação ao carvão e ao gás natural. Por outro lado, construir baterias que sustentem redes inteiras é caro demais, mas alguns cientistas e startups já estão trabalhando no desenvolvimento de outras formas de armazenamento de energia em rede mais baratas e mais perenes, incluindo baterias de fluxo ou tanques de sal derretido. Além disso, também está comprovado que os telhados que geram energia solar desenvolvidos por Elon Musk estão mais baratos que telhados convencionais e cada vez mais empresas de energia estão pensando em como trabalhar em conjunto com cidadãos que produzem um excedente de energia em suas casas para ser distribuído aos demais.

3. Vacina universal contra a gripe
Gripes pandêmicas são raras, mas também são mortais. Cerca de 50 milhões de pessoas morreram em 1918 por conta de uma epidemia de H1N1. Mais recentemente, entre 1957 e 58, cerca de um milhão de pessoas morreu pela ressurgência do vírus, enquanto que em 2009, essa estatística chegou a meio milhão. Um dos motivos para a diminuição desses números é que os vírus estavam mais fracos, mas caso eles retornem com mais força, é necessário criar vacinas mais eficientes e universais para evitar outra epidemia e uma possível crise geral na saúde pública.

4. Tratamento para a demência
Mais de 1 a cada 10 americanos com 65 anos têm Alzheimer, uma estatística que aumenta para um terço àqueles que têm mais de 85. Conforme a expectativa de vida das pessoas aumentam, também é possível que a quantidade de pessoas com esse tipo de condição aumente junto. O Alzheimer continua ainda um mistério para a comunidade científica: diagnósticos conclusivos são possivelmente feitos só depois da morte do indivíduo e, mesmo assim, médicos discutem a distinção entre Alzheimer e outros tipos de demência. Avanços na neurociência e na terapia genética estão, no entanto, abrindo novos caminhos para entender ou mesmo retardar e acabar com os efeitos dessas doenças.

5. Limpeza dos oceanos
Bilhões de microplásticos estão flutuando pelos oceanos e muitos deles são advindos de sacolas ou canudos que foram despedaçados ao longo do tempo. Esses resíduos estão envenenando e matando pássaros, peixes e mesmo humanos. Pesquisadores temem que os efeitos tanto na saúde humana quanto no meio ambiente serão profundos e pode demorar séculos até que consigamos limpar toda essa sujeira provocada nos últimos anos. E uma vez que a poluição é tão difusa, é ainda mais difícil de agir contra ela, mas novos métodos tecnológicos estão pensando em atacar os oceanos abertos, enquanto que as costas, mares e córregos ainda continuam um tanto desamparados.

6. Dessalinização energicamente eficiente
Há quase 50 vezes mais água salgada no planeta do que água doce. Conforme a população mundial cresce e as mudanças climáticas intensificam as secas, mais ainda necessitamos de água acessível e potável. Em Israel, há um dos maiores centros do mundo especializado em dessalinização via osmose reversa, mas o método requer muita energia para ser praticado globalmente. Novos tipos de membrana, no entanto, podem ajudar a resolver esse problema, enquanto que outras técnicas eletroquímicas também podem ser utilizadas para gerar água de irrigação.

7. Carros autônomos seguros
Cada vez mais há carros autônomos sendo testados mesmo em vias públicas. Nos subúrbios de Phoenix, nos Estados Unidos, já há testes de carros autônomos sendo usados para serviços de taxi e entrega, mas esses automóveis ainda não são seguros o suficiente para se tornarem um produto. Afinal, eles ainda têm dificuldade em lidar com trânsito intenso, condições climáticas como neve e neblina, mas tudo isso pode se tornar um passado distante se, de fato, conseguirmos superar a barreira da segurança e planejar cidades adaptáveis a esses novos veículos, de modo que problemas como trânsito ou mesmo espaço para estacionamento são eliminados da equação. Na realidade, o site considera até a extinção de estacionamentos comerciais e o uso da área para outros fins.

8. Inteligência artificial com um corpo
Os vídeos da Boston Dynamics sempre surpreendem pelos seus feitos em termos de hardware, mas seus robôs não conseguem jogar Go ou sequer vencer o maior campeão do mundo, como foi o caso do AlphaGo. Agora, imagine se a potência da Boston Dynamics fosse combinada à IA do AlphaGo? Pesquisadores acreditam que a emergência de uma verdadeira inteligência artificial generalizada pode depender da habilidade de se relacionar processos computacionais internos às coisas reais no mundo físico. Isso demanda da IA uma habilidade de aprender a interagir com o nosso mundo do mesmo modo que as pessoas e os animais fazem, o que significa que a conta não é apenas adição.

9. Previsão de terremotos
Quase 100 mil pessoas morreram no terremoto que atingiu o Haiti em 2010. Seis anos antes, uma tsunami advinda do oceano Índico causou um dos maiores terremotos já registrados e matou 140 mil pessoas na Indonésia, Sri Lanka, Índia e outros países da região. Enquanto furacões podem ser previstos com dias ou semanas de antecedência, terremotos ainda são um tanto quanto uma surpresa. Prevê-los seria uma forma de lidar a médio prazo com as consequências e, desse modo, ser capaz de planejar soluções duráveis. Mesmo horas de antecedência já poderia fazer diferença para ajudar as pessoas na evacuação das regiões afetadas.

10. Decodificação do cérebro
Nosso cérebro seja, talvez, o derradeiro mistério dos cientistas. Tudo que pensamos, lembramos, sentimos, fazemos passa por uma codificação de bilhões de neurônios em nossas cabeças e corpos. Mas qual é o código-fonte disso? Resolver esse quebra-cabeça poderia ajudar pessoas com condições como esquizofrenia e autismo, bem como criar interfaces cérebro-máquina mais precisas e que nos ajudem, inclusive, a retomar o movimento em pessoas que sofrem de paralisia ou de alguma doença degenerativa. Esse é um trabalho que já vem sendo feito por Miguel Nicolelis no Rio Grande do Norte há pelo menos dez anos.

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