Em um artigo publicado no site Futurism, Kristin Houser e Patrick Caughill comentam sobre a onda nostálgica que atingiu o ano de 2017, com remakes e continuações de filmes como Blade Runner e Alien, bem como séries que reforçavam um saudosismo pelos anos 80, como foi o caso de Stranger Things e até mesmo Dark, do mesmo modo que um dos mais populares episódios da terceira temporada de Black Mirror, San Junipero, era uma ode à cultura pop da mesma década.
Também o retorno da série Twin Peaks, mais de 25 anos depois de seu último e profético episódio, demonstrou não só o envelhecimento dos atores, mas como tantas mudanças podem acontecer em um curto espaço de tempo — e como as gerações mudam, também por conta dos avanços tecnológicos.
Seguindo uma lógica exponencial, hoje podemos ver os desenvolvimentos tecnológicos e científicos acontecendo de maneira ainda mais rápida — tanto por termos mais acesso a eles quanto pelas ferramentas e conhecimento que foram reunidos e construídos ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, com tamanho salto evolutivo, podemos até mesmo dizer que certas coisas tão triviais aos nascidos nos anos 80 e 90 já não farão mais sentido para uma nova geração que nasce agora, em 2018. Para resumir essa visão do futuro, o site reuniu 10 pontos essenciais nessa virada de chave:
1. Viagens longas e entediantes
As televisões de entretenimento a bordo em aviões não vão mais ser tão necessárias em um futuro no qual aviões supersônicos e trens com a tecnologia hyperloop se tornarem acessíveis. No momento, esses transportes já conseguem viajar em velocidades como 387km/h, o que significa que um grande corte no tempo gasto no deslocamento já pode ser feito: uma viagem de Nova Iorque para Washington D.C., por exemplo, levaria apenas 30 minutos, quando hoje o mesmo trajeto leva 5 horas para ser completado.
2. Carteira de motorista
Se em alguns países a carteira de motorista já é direcionada aos carros automáticos, logo nem mais será necessário ter aulas e fazer testes para poder ter uma licença para dirigir. Quando os nascidos em 2018 completarem dezesseis anos, é bem provável que carros autônomos já estejam tomando conta das ruas de maneira muito mais abrangente, o que faz com que a necessidade de um motorista humano seja descartada.
Por outro lado, como boa parte dos acidentes de trânsito são causados por erros humanos, nos tirar da equação pode ser uma boa ideia para salvar as vidas de tantas pessoas que morrem seja por atropelamento ou por estarem envolvidas em acidentes. Elon Musk, CEO da Tesla Motors, está confiante de que, nos próximos dois anos, seus carros elétricos e (atualmente) semi-autônomos já farão a diferença para um caminho de carros completamente autônomos.
3. O monopólio da biologia sobre a inteligência
Se carros autônomos já são um exemplo de como inovações tecnológicas nos fazem mais próximos de uma verdadeira inteligência artificial (IA), hoje também temos programas que se fundamentam dessa mesma tecnologia para jogar xadrez ou separar o lixo reciclável, por exemplo. Mas essa é só a primeira infância da IA: cientistas acreditam que ainda demorarão algumas décadas até que consigamos realmente atingir a chamada singularidade, momento em que as máquinas serão tão inteligentes quanto os seres humanos.
Nesse sentido, crianças nascidas em 2018 não precisarão ir à escola ou fazer uma faculdade para poder entrar no mercado de trabalho, já que muitos desses âmbitos mais mecânicos estarão ocupados por inteligências artificiais. O ensino e o preparo para a vida adulta vão estar totalmente modificados ao termos dispensados de nossas vidas afazeres agora destinados aos robôs. Portanto, quais serão as prioridades de aprendizado e dedicação para essas crianças?
4. Barreiras linguísticas
Ainda no campo da educação e de como a IA pode influenciar pesadamente no que nos dedicaremos a estudar, também não será mais necessário aprender novas línguas se a função é apenas poder conversar com pessoas de outros países.
Softwares como o Skype já incorporaram ferramentas de tradução instantânea, do mesmo modo que o Google também já fez o mesmo para seus fones de ouvido. A novidade agora são os fones wireless da Waverly Labs, que são capazes de traduzir em tempo real uma conversa pessoalmente.
5. Seres humanos vivendo em apenas um planeta
Se dispositivos já estão nos oferecendo maneiras de facilitar nossa compreensão em outras línguas que não as nossas, imagine quando precisarmos de algo assim para nos comunicar com espécies extraterrestres? Mas antes de realmente acharmos vida inteligente no espaço, é muito mais provável que consigamos viver em outros planetas, como é o plano da SpaceX de mandar uma primeira tripulação em uma expedição colonizadora em Marte no ano de 2024, de modo que as crianças de hoje sequer terão memória da humanidade como uma espécie exclusivamente terráquea.
6. Espaços de silêncio
Nas grandes cidades, mais do que a poluição do ar também está entre seus problemas a poluição sonora advinda do trânsito ou de construções prediais que não necessariamente têm o melhor isolamento acústico, por exemplo. Ainda, alguns especialistas consideram que o barulho se torne um dos principais problemas de saúde pública nos próximos anos. De acordo com dados coletados pela ONU, por volta de 2100, 84% da população mundial de 10.8 bilhões de cidadãos viverão em cidades rodeadas por zilhões de ruídos. Esse declínio de pessoas vivendo em áreas livres de poluição sonora significa, portanto, que os bebês nascidos hoje talvez nunca irão realmente desfrutar de um ambiente silencioso em seus lares.
7. Fome
Ainda que a urbanização esteja causando deflorestamento e a redução de espaços reservados à agricultura, avanços na área demonstram que problemas com comida sejam algo totalmente do passado. Isso porque, cada vez mais, a agricultura urbana ganha destaque entre os investidores, de modo que produtos frescos e até mesmo peixes passam a ser cultivados em locais que outrora eram considerados “desertos alimentares”, isto é, locais sem acesso a alimentos frescos e não processados.
As fazendas verticais também trarão mais acesso a essas áreas prejudicadas, fazendo com que a erradicação da fome mundial seja finalmente alcançadas. Fora isso, também diferentes empresas estão focando seus esforços em inovação para maneiras de reduzir desperdício de comida, seja ao transformar restos de comida em doces, usando grãos de café para cultivar cogumelos ou até pensando em embalagens comestíveis e negócios voltados ao compartilhamento peer-to-peer (pessoa para pessoa) de comida.
8. Dinheiro em espécie
Os cartões de créditos não foram realmente suficientes para que o dinheiro em espécie desaparecesse, mas empresas como o Paypal, Venmo e Apple Pay já estão liderando um caminho para um futuro no qual as criptomoedas se tornarão a preferência também por conta de seu potencial de segurança nas transações. Por enquanto, o mercado ainda está bastante volátil e vários altos e baixos são constantemente registrados com relação às principais moedas virtuais, como é o caso do Bitcoin, mas especialistas continuam otimistas sobre uma disrupção no setor financeiro proveniente dessa tecnologia.
9. Insegurança digital
Cada vez mais conectados e produzindo mais conteúdo, são problemas relacionados à segurança da informação que vêm à tona especialmente quando vemos grandes casos de hacking a nível internacional ou o exemplo do ransomware WannaCry ocorrido em 2017. Com a tendência de esses ataques ficarem ainda mais complexos ao longo deste ano, com o envolvimento de tecnologias de machine learning(chatbots, ataques a senhas inteligentes etc), são também os dispositivos conectados a Internet das Coisas que se tornam os próximos grandes alvos.
Mesmo assim, com a maior abrangência da digitalização também vêm os avanços em tecnologias de reconhecimento envolvendo biometria, RFID e NFC. Para o Futurism, o advento dos computadores quânticos não só aumentará o nível de processamento das máquinas, mas também melhores sistemas de segurança serão inaugurados a partir da criptografia quântica, pela qual invasões são virtualmente impossíveis.
10. Experiência de conteúdo em telas
Ainda que hoje falemos de experiências multiplataforma ou multi-telas, é esperado que, no futuro, as crianças nascidas em 2018 não precisem se limitar a uma interface composta por uma única tela e um teclado, por exemplo. Com o desenvolvimento das tecnologias imersivas, isto é, realidade virtual e realidade aumentada, esse paradigma sofrerá uma mudança que trará uma maior incorporação de novas capacidades à experiência computacional.
A isso se somam processos como reconhecimento gestual, processamento linguístico e outras tecnologias que permitirão uma interação mais holística e dinâmica com nossos dispositivos, até que eventualmente consigamos uma experiência tão fluida quanto a figurada em Minority Report.