Na semana passada, logo após o dia do trabalho, as empresas Rito e White Rabbit sediaram o workshop Glimpses para discutir o futuro do trabalho a partir de ferramentas como o design fiction. A intenção era mudar a lógica do desenvolvimento das profissões, então provocando os participantes a pensarem sobre quais trabalhos são desejáveis nesse futuro próximo e como eles podem estar alinhados a propósito e às necessidades do planeta.
O curso teve curadoria de Catarina Papa, Luciana Bazanella, Vanessa Matias, Bruno Macedo, Renan Lessa e Thiago Vignoli, sendo que Sheylli Callefi foi a facilitadora na oficina de profissões e Renata Rocha facilitou a oficina de propósito. Vanessa e Luciana, da White Rabbit, ficaram com o conteúdo de reports e tendências sobre o futuro do trabalho, enquanto Vinicius Soares falou sobre tecnologias exponenciais. Realizada no EBAC, em São Paulo, a oficina contou ainda com uma cenografia preenchida por cartazes que expressavam essa pluralidade de visões sobre o futuro do trabalho. Renan Lessa, André Luiz Barbosa, Davi Viana, Thamara Maura, Gabriel Pinheiro, Daniel Wendel, Zé Victor e Gabriel Gripp foram responsáveis pela confecção de cartazes que continham capas de revista do futuro e até mesmo capas de filmes documentais, como uma biografia de Elon Musk após finalmente colonizar Marte.
Nesse sentido, o workshop teve como principal objetivo estimular os participantes a pensar num futuro do trabalho de forma crítica e especulativa através da exploração de cenários fictícios. Segundo Bruno Macedo, futurista da Rito, “cada ficção foi inspirada por eventos que estão ocorrendo hoje no âmbito social, cultural, político, ambiental e tecnológico. Partimos de uma perspectiva global com o objetivo de fornecer contexto para os participantes criarem profissões que fazem sentido existir nesse cenário.”
Dentre as principais questões levantadas ao longo do dia foi como seria possível criar profissões que não sejam motivadas por necessidades imediatasa do mercado, mas sim conectadas a grandes problemas da sociedade que têm urgência, como é o caso da educação, saúde e recursos básicos. “O cenário que apresentamos estava permeado de cartazes especulativos de avisos públicos, anúncios de produtos e vagas de trabalho como, por exemplo, um cartaz de cuidado com seus dados genéticos, anúncio de turismo em cidades flutuantes, campanha de conscientização de trotes em avatares ou até mesmo propaganda de um tradutor neural transgeracional”, comenta Bruno, acrescentando que o espaço de tempo indicado era de 20 anos a frente.
Para implementar a metodologia do design fiction, o workshop contou com um momento de criação de artefatos especulativos, de modo que os cartazes se tornaram inspiração para os participantes na hora de criar profissões do futuro. “Como resultado, obtivemos mais de 50 descrições de atividades. Também aplicamos o design fiction com teor de sensabilização, já que os cartazes expostos tinham não somente propostas de cenários especulativos, mas também um apelo estético e experiencial desses futuros”, comenta o futurista.
Dentre os resultados finais do dia estava a produção de cartazes “Procura-se”, isto é, cartazes que faziam um chamado a pessoas que seriam capazes de realizar trabalhos especulados para o futuro. Como os participantes eram bastante variados, contando com a presença de profissionais independentes em transição de carreira até laboratórios de inovação como a Echos e Sputnik, também havia profissionias de empresas como a Globo, Kroton, Itaú e Unilever. “Essa diversidade de visões foi importante para o processo, pois os participantes olharam para várias questões relevantes como privacidade de dados, ética da tecnologia e síndromes psicológicas derivadas de tecnologias como a realidade virtual”, explica Bruno, que ainda diz ter sido capaz de reconhecer alguns padrões dentro do workshop: a maior parte das profissões pensadas para o futuro tinham muito a ver com empoderamento pessoal, inclusão tecnológica e o papel do ser humano no contexto da automação massiva.
Um dos depoimentos destacados por Bruno foi de uma das participantes que se demonstrou bastante conectada e emocionada pela experiência de visualização e vivência de futuros: “A gente vai para um workshop do futuro do trabalho e descobre mais sobre si mesmo do que na terapia. Chora, conhece gente, ri, lembra que somos humanos e que o futuro é o desejo que temos juntos.”
Confira alguns exemplos de profissões criadas pelos participantes do Workshop: