Em 2015, o Instituto Update começou seu projeto de mapeamento de novas formas de olhar e de se fazer política. Lançada em 2016, a plataforma de visualização conta com 637 iniciativas mapeadas de acordo com projetos realizados em 21 países diferentes.
No caso, o Instituto mapeou práticas de políticas emergentes como uma forma de afirmar a existência de um ecossistema de inovação política a partir de evidências que são capazes de potencializar uma visão de coletividade e pertencimento para todos os atores envolvidos nesses processos políticos, assim facilitando um maior aprofundamento e atualização dos sistemas democráticos na América Latina. Dentre seus achados, o Instituto inclui atores (hubs) e ações (sinais) que funcionam como uma maneira de reduzir a distância entre a sociedade civil e o governo.
Como indicado na introdução do projeto, a democracia na América Latina ainda está em processo de consolidação e amadurecimento. Por conta disso é que nos vemos diante de instituições democráticas frágeis, “ameaças a direitos fundamentais e a interferência de diferentes tipos de elite nas decisões políticas”, as quais influenciam diretamente como os cidadãos percebem e confiam no processo político, em especial numa sociedade cada vez mais conectada e participativa como é a nossa.
Como o estudo foi publicado em 2016, ele ainda não tinha a dimensão do que as fake news se tornariam hoje, no nosso cenário de eleições presidenciais e vésperas do segundo turno. Porém, os pesquisadores envolvidos já tinham noção de como nosso dia-a-dia conectado seria invariavelmente interferido por estratégias como estas. Mas é essa mesma capacidade de nos conectarmos que também geram mudança na nossa forma de consumir, produzir, comunicar e se relacionar, bem como no modo de se fazer política — vide os bots políticos de proliferação de mensagens em redes sociais e aplicativos como o Whatsapp.
Mas a tecnologia obviamente não traz só malefícios. Na verdade, é o desconhecimento delas que pode nos tornar suscetíveis à exploração e foi por isso mesmo que o Update resolveu mapear e criar uma visualização de um ecossistema de práticas políticas emergentes como forma de “potencializar uma visão de coletividade e pertencimento para os atores envolvidos nos processos políticos que contribuem para a redução da distância entre a sociedade civil e o poder público.”
Disponível em português, inglês e espanhol, os temas abordados no mapeamento são: Comunicação independente, Controle social, Cultura política, Governo 2.0, Participação cidadã, Transparência e Accountability (que tem a ver com o processo de checagem e acompanhamento dos processos). Dentre os hubs mapeados, estes fazem parte de áreas como a academia, constelações, empresas, governo, informal, ONGs, organismos multilaterais e partidos.
O mapeamento conta com filtros para que o usuário possa fazer uma pesquisa mais precisa, já que existem quase 700 itens mapeados pelo Update. Em tempos pré-segundo turno, é importante visitar pesquisas como estas para entender o contexto atual da América Latina e ferramentas que podem nos ajudar a manter e a potencializar os processos democráticos.